Eu já dei risada até perder o fôlego, cantei até ficar rouca,
já chorei até dormir e acordei com os olhos inchados.
Já me queimei com parafina de vela,
eu já fiz bola de chiclete que grudou no rosto,
já conversei com o espelho e até já brinquei de ser bruxa.
Já quis ser pediatra, atriz, bailarina, relações públicas.
Já passei trote por telefone, tomei banho de chuva.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já escrevi no muro da escola, chorei no banheiro,
já fugi de casa p/ sempre e voltei no outro instante.
Já roubei beijo, fiz confissões para a melhor amiga antes de dormir e pedi que ela jurasse não contar nada p/ ninguém.
Já confundi sentimentos, me arrependi de ter falado algo, já chorei ouvindo música em meio ao trânsito,
magoei e fui magoada, mas também perdoei e fui perdoada.
Já fiquei sozinha no meio da multidão e senti falta de mim mesma.
Já olhei a cidade do alto e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já morri de falso amor e renasci p/ viver o verdadeiro.
Já chorei por ver amigos partindo e descobri que logo chegam novos
e a vida é mesmo assim: ir e vir sempre.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados no baú chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
"_ Qual sua experiência?"
Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
"_ Experiência... experiência..."
Será que ter vivido é uma boa experiência?
Não!!!
Talvez eles não saibam ainda o que é colher sorrisos!
Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: "O que fiz hoje pelos outros?" (M. Luther King)
31.8.11
30.8.11
APRENDENDO
Depois de alguns anos vividos, você aprende a sutil diferença entre
segurar uma mão e acorrentar a alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer segurança.
Com relação aos beijos, você começa a aprender que estes não são contratos e que presentes não são promessas - nem os mais caros e nem aquele que se coloca no dedo!
E você começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante.
E você aprende a construir todas as estradas do HOJE
porque o terreno de AMANHÃ é demasiado incerto para planos
e o FUTURO tem costume de não seguir como você gostaria.
E depois de um tempo você aprende que até mesmo na luz artificial
deve-se usar protetor solar.
Então você planta seu próprio jardim e enfeita sua própria alma,
ao invés de esperar que lhe tragam flores.
Também aprende que se estiver com aquele aperto no peito no meio da noite e não tiver com quem desabafar, pode observar as estrelas no céu. Embora elas estejam fora do seu alcance, sempre estarão dispostas a brilhar sem custo adicional.
E você aprende que você realmente pode resistir...
que você realmente é forte...
que você realmente tem valor...
Com tudo e contudo, você aprende.
segurar uma mão e acorrentar a alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer segurança.
Com relação aos beijos, você começa a aprender que estes não são contratos e que presentes não são promessas - nem os mais caros e nem aquele que se coloca no dedo!
E você começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante.
E você aprende a construir todas as estradas do HOJE
porque o terreno de AMANHÃ é demasiado incerto para planos
e o FUTURO tem costume de não seguir como você gostaria.
E depois de um tempo você aprende que até mesmo na luz artificial
deve-se usar protetor solar.
Então você planta seu próprio jardim e enfeita sua própria alma,
ao invés de esperar que lhe tragam flores.
Também aprende que se estiver com aquele aperto no peito no meio da noite e não tiver com quem desabafar, pode observar as estrelas no céu. Embora elas estejam fora do seu alcance, sempre estarão dispostas a brilhar sem custo adicional.
E você aprende que você realmente pode resistir...
que você realmente é forte...
que você realmente tem valor...
Com tudo e contudo, você aprende.
29.8.11
COSTUMES
Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
A gente se acostuma a morar em uma casa que não é nossa e que não tem vista que não seja muros ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz e se esquece do sol, se esquece do ar.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. Tudo bem. A gente se acostuma a esperar até amanhã ou até outro dia.
A gente se acostuma a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta, a ser ignorado quando precisa tanto ser visto, a baixar a cabeça quando não consegue mantê-la erguida e com o choro entalado na garganta.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar mais coisas nas filas cada vez maiores.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a TV e assistir comerciais. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata do consumismo.
A gente se acostuma com o trânsito, poluição, ar condicionado e cheiro de cigarro. Se acostuma com luz artificial e depois com o choque que os olhos levam à luz natural. Se acostuma a não ouvir pássaros, a não ter criança brincando na rua, a não ter sequer uma planta por perto.
Se o restaurante está cheio, a gente fica na fila de espera e a mesa só é liberada depois que o filho dormiu no colo. E se na volta para casa o filho acorda irritado e com fome, a gente passa no drive in de um fast food qualquer e a fome do filho passa comendo o lanche e acaba a irritação com o brinquedinho que vem de brinde.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer, para preservar a pele, para não sangrar. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se desgasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
A gente se acostuma, eu sei, mas não devia e eu também sei...
A gente se acostuma a morar em uma casa que não é nossa e que não tem vista que não seja muros ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz e se esquece do sol, se esquece do ar.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. Tudo bem. A gente se acostuma a esperar até amanhã ou até outro dia.
A gente se acostuma a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta, a ser ignorado quando precisa tanto ser visto, a baixar a cabeça quando não consegue mantê-la erguida e com o choro entalado na garganta.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar mais coisas nas filas cada vez maiores.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a TV e assistir comerciais. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata do consumismo.
A gente se acostuma com o trânsito, poluição, ar condicionado e cheiro de cigarro. Se acostuma com luz artificial e depois com o choque que os olhos levam à luz natural. Se acostuma a não ouvir pássaros, a não ter criança brincando na rua, a não ter sequer uma planta por perto.
Se o restaurante está cheio, a gente fica na fila de espera e a mesa só é liberada depois que o filho dormiu no colo. E se na volta para casa o filho acorda irritado e com fome, a gente passa no drive in de um fast food qualquer e a fome do filho passa comendo o lanche e acaba a irritação com o brinquedinho que vem de brinde.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer, para preservar a pele, para não sangrar. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se desgasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
A gente se acostuma, eu sei, mas não devia e eu também sei...
26.8.11
SEJA O QUE FOR
Seja o que for que esteja no centro do Mundo, deu-me o mundo exterior por exemplo de realidade, e quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento, vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo. Estou mais certo da existência da minha casa branca
do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma, porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros, podendo tocar em outros, podendo sentar-se e estar de pé, mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora...
... Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade, se é mais certo eu sentir do que existir a coisa que sinto — para que sinto e para que surge essa coisa independentemente de mim sem precisar de mim para existir, e eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente. E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Coisa por coisa, o Mundo é mais certo...
... Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, e o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior. Por isso somos exterior essencialmente.
vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo. Estou mais certo da existência da minha casa branca
do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma, porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros, podendo tocar em outros, podendo sentar-se e estar de pé, mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora...
... Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade, se é mais certo eu sentir do que existir a coisa que sinto — para que sinto e para que surge essa coisa independentemente de mim sem precisar de mim para existir, e eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente. E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Coisa por coisa, o Mundo é mais certo...
... Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, e o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior. Por isso somos exterior essencialmente.
Assinar:
Comentários (Atom)



