26.8.11

SEJA O QUE FOR

Seja o que for que esteja no centro do Mundo, deu-me o mundo exterior por exemplo de realidade, e quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento, vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo. Estou mais certo da existência da minha casa branca
do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma, porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros, podendo tocar em outros, podendo sentar-se e estar de pé, mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora...
... Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade, se é mais certo eu sentir do que existir a coisa que sinto — para que sinto e para que surge essa coisa independentemente de mim sem precisar de mim para existir, e eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente. E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Coisa por coisa, o Mundo é mais certo...
... Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, e o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior. Por isso somos exterior essencialmente.


by Maristela