17.11.11

O VENCEDOR

Olha lá, quem vem do lado oposto e vem sem gosto de viver...

Olha lá, que os bravos são escravos, sãos e salvos de sofrer...

Olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida...

Olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar...

Eu que já não quero mais ser um vencedor,

levo a vida devagar pra não faltar amor.

Olha você e diz que não vive a esconder o coração...

Não faz isso, amigo.

Já se sabe que você só procura abrigo,

mas não deixa ninguém ver. Por que será ?

Eu que já não sou assim muito de ganhar,

junto as mãos ao meu redor e faço o melhor que sou capaz,

só para viver em paz!


23.10.11

ABENÇOADO SENTIMENTO

Abençoado sentimento, 

que chegou de mansinho e me

envolveu em seus carinhos como

uma fina teia,

rompendo suave e persistente as minhas barreiras,

vencendo meus medos e receios tolos,

curando as cicatrizes que a vida fez em mim,
 
afastando o medo de tentar, de sofrer.


Abençoado sentimento,

que tomou o tempo nas suas mãos,

fez do nosso tempo sem tempo.


O alimento para esse sentimento, antes pequenino,

que nesse tempo nosso, cresceu, agigantou-se.

Abençoado sentimento,

que está hoje, em minha vida, exatamente há 2 anos!

Abençoado sentimento,

que preenche meus vazios, alegra

minhas horas,

ilumina minhas noites,

transforma meus dias em esperança de constantes realizações,

que me faz acreditar na felicidade plena,

que brilha no meu céu feito estrela

guia.



Ah! Abençoado e louco sentimento...

que fez do meu corpo o seu porto seguro,

da minha alma cúmplice dos seus devaneios,

dos nossos desejos... a partilha de nossos sentimentos...


Abençoado sentimento,

que descompassa meu coração 

quando pousa seu olhar em mim,

arrepia a minha pele quando me

toca,

me emociona quando me aperta em seus abraços

e diz que me ama e quer estar ao meu lado!


Abençoado sentimento,

verdadeiro e correspondido,

porque eu te amo e não sei mais viver sem você!







10.10.11

O GIRASSOL

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…

(by Fernando Pessoa)


                                      

28.9.11

ORAÇÃO DE SÚPLICA



Meu Deus...

Ajuda-me a dizer a verdade na cara dos fortes e a não mentir para obter o aplauso dos débeis.
Se me dás dinheiro, não tomes a minha felicidade.
Se me dás forças, não tires o meu raciocínio.
Se me dás êxito, não me tires a humildade.
Se me dás humildade, não tires a dignidade.
Ajuda-me a conhecer a outra face da realidade e não me deixes acusar os meus adversários, apontando-os de traidores só porque não partilham meu critério.
Ensina-me a amar os outros como amo a mim mesma e a julgar-me como o faço com os outros.
Não me deixes embriagar com o sucesso, quando o consigo, nem me desesperar, se fracasso.
Sobretudo, faz-me sempre recordar que o fracasso é a prova que antecede o êxito.
Ensina-me que a tolerância é o mais alto grau da força e que desejo de vingança é a primeira manifestação dos fracos.
Se me despojas do dinheiro, deixe-me a esperança.
Se me despojas do êxito, deixe-me a força de vontade para poder vencer o fracasso.
Se me despojas do dom da saúde deixa-me a graça da fé.
Se causo dano a alguém, dá-me a força da desculpa.
Se alguém me causa dano, dá-me a força do perdão.
Meu Deus...
Se me esquecer de Ti...
Tu não Te esqueças de mim!



23.9.11

PRIMAVERA

Como no meio do Inverno, sabendo que a Primavera se aproxima, a força que ainda dorme em mim haverá de brotar quando for a hora.
Os pensamentos me atormentam, mas neles as coisas tomam forma e existem momentos em que o melhor a fazer é pensar e esperar.
Dentro de mim, lá no fundo, bem no fundo, está a força que vê e escuta aquilo que não posso perceber.
As coisas aconteceram de tal forma que eu nem vi o tempo passar...
O que veio antes das palavras ? O que veio antes das decepções? E o que eu sei que não preciso fazer? E o que eu não preciso dizer?
Tudo o que sinto hoje nasceu dos pensamentos de ontem.
Sei que sou muito mais capaz do que meus próprios pensamos, mas também sei que há momentos em que a única maneira de aprender é não tomar qualquer iniciativa, não fazer nada.
Existe em mim uma parte secreta que está aprendendo com tudo o que tenho pensado. Na hora certa dos meus pensamentos se manifestarem, ficarei surpresa comigo mesma.
E haverá em mim esperança! E meus sonhos terão o poder de se transformar!
E meus pensamentos de Inverno se transformarão em flores!
Esplende, então, Primavera, os teus fulgores!
Que eu possa ser exatamente como tu és, Primavera, renascendo a cada estação exatamente porque nunca são as mesmas flores!


21.9.11

OU ISTO OU AQUILO


Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

(by Cecília Meireles)



16.9.11

FILHOS

É paradoxal: quando nascem os filhos, pequenos e frágeis, os primeiros meses parecem intermináveis. Então, um dia, de repente, ei-los adolescentes (ou quase)!
Como a “mãe passarinho” que descobre a penugem nas asas dos filhotes, vejo a meninota criando curvas no corpo e o garotinho com suas responsabilidades. É chegado o momento dos vôos para além do ninho doméstico...
Daí, me pergunto: “onde estão os brinquedos do faz-de-conta, os heróis invencíveis em suas batalhas imaginárias contra o mal?”
Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada petulância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira, crescem de repente... A impressão que dá é que dormiram pequeninos e despertaram crescidos, como num passe de mágica.
Um dia, sentam-se perto de você e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde foi que andaram e cresceram que eu não percebi?
E atrás do volante me coloco a esperar por ela ou por ele. E lá estão os filhos que consegui gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas não tão bem sucedidas!
E continuam crescendo, observando e aprendendo também com os meus erros e acertos. E eu esperando que mais acertem do que errem.
Saudades dos dias que se foram tão rápidos! Sinto que poderia ter deixado de lado afazeres sempre contínuos e brincado mais com eles, ouvido mais, deliciado mais com os relatos de suas conquistas e aventuras, suas decepções e medos. Tempos que não retornam mais...
Mas ainda me resta um tempo p/ comprar sorvetes, hambúrgueres, chicletes, bolachas e ainda haverá um tempo que ficarão no banco de trás p/ as disputas pela janela, sem que esgote neles o afeto!
Fico de longe torcendo e rezando p/ que acertem nas escolhas em busca de felicidade, não sofram com as decisões e que as conquistas venham do modo mais completo possível!
Afinal, ser mãe é se deslumbrar em ver os filhos se revelarem em suas características únicas, é observar suas qualidades e chorar de felicidade quando descobrem seus talentos!

14.9.11

UM POUCO SOBRE O AMOR

As coisas grandes são aquelas que o amor nos leva a fazer, e muitas vezes realizam-se por meio de pequenos gestos. Faz-se pisando nos nossos apetites e gostos, abandonando o comodismo no qual temos tendência a encerrar a nossa existência.
É possível ver a vida como um todo; através do amor e apenas através dele, somos capazes de compreender o outro. Já não mais é necessário pensar em si mesmo e nos próprios interesses, mas ao sacrifício saboroso pelo bem do outro.
O amor é alimentado pela imaginação e, por meio dele, tornamo-nos mais sábios do que sabemos, melhores do que sentimos, mais nobres do que somos.
Sabemos que amamos porque esquecemos de que existimos, porque já é possível morrer para si e viver no outro. É não querer saber dos gostos, do bem-estar, do descanso, dos projetos, do futuro, sem incluir a quem se ama.
Quanto mais doer a saudade, quanto mais alegre for o reencontro, é porque amas mais e tudo se converte em parte de nós mesmos.

12.9.11

TEMOR X ESPERANÇA

Flutuamos ao mínimo sopro...
De circunstâncias duvidosas, fazemos certezas que nos aterrorizam. Como a justa medida não é do nosso feitio, instantaneamente uma inquietude se converte em medo.
Não haverá razão p/ viver, nem palavras p/ descrever nossas misérias, se temermos tudo quanto seja temível. Melhor seria colocar em ação a prudência e deixar de lado o temor que nos acomete a cada nova situação.
Por mais certo que possa ser qualquer um dos riscos que tememos, é ainda mais certo que os nossos temores se apaziguam, quando as nossas esperanças nos enganam. Pelo menos, combater uma fraqueza com outra, temperando o receio com a esperança.
Estabelecer um equilíbrio entre a esperança e o temor é tarefa diária.
Sempre que houver completa incerteza, melhor é inclinar a balança em nosso favor e crer naquilo que mais agrada. Mesmo que o temor reúna maior número de sufrágios, inclina-a sempre para o lado da esperança.
A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo. Seria a maior das forças humanas se não existisse a inquietação, mas ainda assim, a esperança é o único bem comum a todos os homens: aqueles que nada mais têm - ainda a possuem.
É necessário ter o caos cá dentro p/ gerar uma estrela e até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão!



9.9.11

FORÇA E CORAGEM


É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar em pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar só, mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.
Se você sente que lhe faltam a força e a coragem, peça a Deus que vai abraçá-lo. E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um amigo, em algum lugar do mundo, desejando seu bem e que, acima de tudo, seja muito feliz!!!
No céu há um Deus que tudo pode e guia teus passos por onde quer que andes!

By Jonny

8.9.11

MORANGO


"Um sujeito estava caído num barranco e se agarrou as raízes de uma árvore.
Em cima do barranco, havia um urso imenso querendo devorá-lo. O urso rosnava, babava e mostrava os dentes.
Embaixo, prontas para engolí-lo quando caísse, estavam nada mais, nada menos, que 6 onças.
As onças embaixo. O urso em cima.
Meio perdido, ele olhou para o lado e viu um morango vermelho, lindo, enorme.
Num esforço supremo apoiou seu corpo sustentado apenas pela mão direita e com a esquerda pegou o morango. Levou o morango à boca e se deliciou com o sabor doce e suculento da fruta. Foi um prazer indescritível comer aquele morango.
Aí você pensa: e o urso? Dane-se o urso. Coma o morango...
E as onças? Azar das onças. Coma o morango...
Sempre existirão ursos querendo devorar nossas cabeças e onças prontas para arrancar nossos pés. Mas nós sempre precisamos saber comer morangos.
Você pode dizer: "mas eu tenho muitos problemas para resolver...", mas os problemas não impedem ninguém de ser feliz. Coma o morango... poderá não haver outra oportunidade.
Não deixe para depois, o melhor momento para ser feliz é agora! Coma o morango!"

By Jonny       

6.9.11

PENSAMENTOS

Os bons pensamentos produzem bons frutos, os maus pensamentos produzem maus frutos. E o homem é o seu próprio jardineiro. (James Allen)

Andamos, falamos e agimos facilmente de acordo com nossos impulsos, embora sejam atos controláveis e da mesma forma pensamos.
O problema é que quando menos se espera, lá vem aquele pensamento faceiro que nos faz parar por alguns instantes. Pensar, pede a refletir. Pensar pede audácia.
Quando pensamos, obrigatoriamente transgredimos a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiadamente frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado p/ o outro como grandes cumpridores de tarefas, quando, na verdade, nossa primeira tarefa deveria ser parar e analisar as coisas como são, quem a gente é, o que fazemos com a vida e as pessoas, o tempo, os amores...
Os pensamentos nos trazem p/ onde exatamente estamos e nos levam p/ o amanhã. Sendo assim, não podemos escapar dos resultados dos pensamentos, mas podemos suportar e aprender com tudo aquilo que vier de encontro.
Quando Deus coloca em nossas mãos os resultados de tudo aquilo que pensamos, temos a oportunidade de procurar sempre pensar no bem, fazer o bem, querer o bem, desejar o bem, não importa a quem, pois assim receberemos. Nem mais, nem menos.
Não existe nenhum confortador que se compare aos bons pensamentos p/ dispersar as sombras do pesar e do sofrimento. O mundo em si não teria sentido sem a nossa perspectiva e o que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem mesmo que eventualmente reprogramado.
Não é preciso ser brilhante, importante, admirado p/ viver de verdade, pensando e repensando a existência. É preciso ter esperança, qualquer esperança.
E pensando, devemos seguir questionando o que nos é imposto sem rebeldias insensatas, saboreando o bom e aqui e ali, enfrentando o que for difícil sem renunciar a si mesmo e a dignidade.
Se pensar é o destino do ser humano, continuar sonhando é o seu grande desafio.

5.9.11

QUEM MORRE?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade. (Pablo Neruda)











2.9.11

SOBRE POBRES DE ESPÍRITO

"Bons ou maus hábitos precisam de tempo para adquirir força. Maus hábitos poderosos poderão ser destronados pelos bons hábitos opostos se estes forem cultivados com paciência." (Paramahansa Yogananda)


Imagine a seguinte situação em uma reunião: quando uma pessoa apresenta uma idéia, ela é imediatamente submetida a um processo de dissipação de outras idéias que resultam em simpatia e repulsa.
Os que simpatizam absorvem o que mais lhe agradam. Os que repugnam, eliminam os pontos fracos, e, em breve, de toda a façanha nada sobra senão a crítica, não dando se quer uma oportunidade de concordância.
Seja o que for idealizado, sempre se encontra vinte das mais belas idéias a favor e vinte contra. Seria como no amor, na política, na religião. O gosto tem de ser diferente p/ que todos terem a sua parcela, mesmo na ignorância.
Assim é com o pobre de espírito que nunca apresenta nenhuma idéia, mas critica quando alguém o faz. As manifestações de pessoas assim repousam na insegurança. Nelas imperam a suposição, hipótese, presságio, dúvida, inclinação, preconceito, persuasão, exemplificação e outros estados de semi-certeza. E seguindo essa ordem, a opinião se encontra mais ou menos no meio.
Se o que exprimimos com palavras, mesmo que grandiosas, em geral é mera opinião, o que exprimimos sem palavras o é sempre.
Nossa realidade é, em maior parte, apenas expressão de opinião (lê-se pobreza de espírito). Podemos imprimir uma expressão determinada à nossa vida e isso sempre se dá por causa de uma opinião alheia. É apenas uma opinião, mas se comporta como convicção e age como se fosse inabalável.
Eras e séculos se erguem, mas por de trás dos montes uma voz sussurra: “Não mudou até hoje, não mudará mais”.
Na vida, procuramos o que é firme com a mesma insistência de um animal terrestre caído na água. Por isso a importância do Saber, do Direito e da Razão.
Dedica uma parcela de tua solidão à serena reflexão sobre teu próximo, principalmente se não concorda com ele: talvez venha a entender e usar melhor o que te causa repulsa e aprenda a poupá-lo na fraqueza e a encorajá-lo na virtude.
O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no reconhecimento do erro.
Quando um maluco sabe que está maluco, já não está tão maluco.


1.9.11

OPERAÇÕES MATEMÁTICAS

Somar é a primeira operação matemática que se aprende, a que temos mais facilidade e que gostamos mais.
É só puxar pela memória que vem a recordação: aprendemos a somar treinando diversas vezes c/ palitos, giz, riscando no cantinho do caderno e por aí vão as técnicas pessoais. Mais tarde, quando já craques, somamos brinquedos, dinheiro, carros e casas...
Há quem aprendeu somar pessoas inclusive!
Aí já é multiplicação, que também é fácil de aprender: é só somar várias vezes a mesma coisa.
A segunda operação que aprendemos é a subtração. Começa a ficar estranho, principalmente quando tem que pedir emprestado do "vizinho", digo, "casa decimal ao lado".
Ninguém gosta mais de diminuir do que somar. Somar é mais vantajoso!
Quando chega na divisão é quase um desespero, que vem a piorar quando "sobra um resto". É que ninguém entende p/ onde ou p/ quem vai ficar o resto. Resto é resto...
A dificuldade no aprendizado não aparece à toa, mas o ser humano rejeita a prática de aprender corretamente.
Quando se aprende a dividir e sabe-se onde deve ficar o resto, entenderá que é o mesmo que somar p/ alguns mantendo a quantidade de outros sem necessariamente subtrair de alguém, ou seja, é o mesmo que somar igual para todos; entenderá também que somando os restos teremos mais um inteiro divisível. A vantagem pode ser ainda maior e o resultado final também é uma soma, a da satisfação geral.
Esta operação também poderia ser chamada de soma distribuída ou então se tornar a quinta operação a ser ensinada.
Com esta visão, com certeza a matemática daria mais resultados.
Talvez fosse dispensável aprender contas de dividir e todos continuariam felizes a somar palitos, brinquedos, dinheiro, carros e casas, porém não somente para si.
Somar pessoas? Somente se for nas mídias sociais, para a propagação do bem maior!





31.8.11

CURRICULUM VITAE

Eu já dei risada até perder o fôlego, cantei até ficar rouca,
já chorei até dormir e acordei com os olhos inchados.
Já me queimei com parafina de vela,
eu já fiz bola de chiclete que grudou no rosto,
já conversei com o espelho e até já brinquei de ser bruxa.
Já quis ser pediatra, atriz, bailarina, relações públicas.
Já passei trote por telefone, tomei banho de chuva.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já escrevi no muro da escola, chorei no banheiro,
já fugi de casa p/ sempre e voltei no outro instante.
Já roubei beijo, fiz confissões para a melhor amiga antes de dormir e pedi que ela jurasse não contar nada p/ ninguém.
Já confundi sentimentos, me arrependi de ter falado algo, já chorei ouvindo música em meio ao trânsito,
magoei e fui magoada, mas também perdoei e fui perdoada.
Já fiquei sozinha no meio da multidão e senti falta de mim mesma.
Já olhei a cidade do alto e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já morri de falso amor e renasci p/ viver o verdadeiro.
Já chorei por ver amigos partindo e descobri que logo chegam novos
e a vida é mesmo assim: ir e vir sempre.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados no baú chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
"_ Qual sua experiência?"
Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
"_ Experiência... experiência..."
Será que ter vivido é uma boa experiência?
Não!!!
Talvez eles não saibam ainda o que é colher sorrisos!

30.8.11

APRENDENDO

Depois de alguns anos vividos, você aprende a sutil diferença entre
segurar uma mão e acorrentar a alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer segurança.
Com relação aos beijos, você começa a aprender que estes não são contratos e que presentes não são promessas - nem os mais caros e nem aquele que se coloca no dedo!
E você começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante.
E você aprende a construir todas as estradas do HOJE
porque o terreno de AMANHÃ é demasiado incerto para planos
e o FUTURO tem costume de não seguir como você gostaria.
E depois de um tempo você aprende que até mesmo na luz artificial
deve-se usar protetor solar.
Então você planta seu próprio jardim e enfeita sua própria alma,
ao invés de esperar que lhe tragam flores.
Também aprende que se estiver com aquele aperto no peito no meio da noite e não tiver com quem desabafar, pode observar as estrelas no céu. Embora elas estejam fora do seu alcance, sempre estarão dispostas a brilhar sem custo adicional.
E você aprende que você realmente pode resistir...
que você realmente é forte...
que você realmente tem valor...
Com tudo e contudo, você aprende.







29.8.11

COSTUMES

Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
A gente se acostuma a morar em uma casa que não é nossa e que não tem vista que não seja muros ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz e se esquece do sol, se esquece do ar.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. Tudo bem. A gente se acostuma a esperar até amanhã ou até outro dia.
A gente se acostuma a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta, a ser ignorado quando precisa tanto ser visto, a baixar a cabeça quando não consegue mantê-la erguida e com o choro entalado na garganta.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar mais coisas nas filas cada vez maiores.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a TV e assistir comerciais. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata do consumismo.
A gente se acostuma com o trânsito, poluição, ar condicionado e cheiro de cigarro. Se acostuma com luz artificial e depois com o choque que os olhos levam à luz natural. Se acostuma a não ouvir pássaros, a não ter criança brincando na rua, a não ter sequer uma planta por perto.
Se o restaurante está cheio, a gente fica na fila de espera e a mesa só é liberada depois que o filho dormiu no colo. E se na volta para casa o filho acorda irritado e com fome, a gente passa no drive in de um fast food qualquer e a fome do filho passa comendo o lanche e acaba a irritação com o brinquedinho que vem de brinde.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer, para preservar a pele, para não sangrar. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se desgasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
A gente se acostuma, eu sei, mas não devia e eu também sei...


26.8.11

SEJA O QUE FOR

Seja o que for que esteja no centro do Mundo, deu-me o mundo exterior por exemplo de realidade, e quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento, vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo. Estou mais certo da existência da minha casa branca
do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma, porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros, podendo tocar em outros, podendo sentar-se e estar de pé, mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora...
... Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade, se é mais certo eu sentir do que existir a coisa que sinto — para que sinto e para que surge essa coisa independentemente de mim sem precisar de mim para existir, e eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente. E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Coisa por coisa, o Mundo é mais certo...
... Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, e o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior. Por isso somos exterior essencialmente.


by Maristela